sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Divã

Tudo mundo já pensou, quis




ou fez análise na vida. E, quase todos nós já passamos por situações ou temos uma vida que seria excelente material pra um roteiro. Pois em "Divã", filme estrelado, de forma impecável, por Lilian Cabral e dirigido por José Alvarenga Jr. conta exatamente a história, nada espetacular de Mercedes, uma mulher de meia idade que vive às voltas com as alegrias e desafios da sociedade contemporânea, mas que como muitos de nós, seres comuns, acabamos na sala do analista tentando uma vida melhor, uma compreensão melhor de quem somos.



O filme diverte, questiona, emociona sem nunca perder o ótimo ritmo. O elenco afiado e a direção precisa contribuem muito para fazer deste um ótimo filme, mas o texto-roteiro é o grande destaque. Escrito por Marcelo Saback baseado em peça de sua própria autoria inspirada pelo livro de Martha Medeiros, o bom humor e a verdade contida em cada frase, tornam o filme mais que verossímil,  fazem com que toda a estória, ou boa parte dela, se transforme na estória de cada um de nós na busca do entendimento da vida, da felicidade e de nós mesmos.
Mudanças: a partir de agora

escreverei aqui basicamente sobre os filmes que assisti, abordem eles temáticas GLBT ou não... faço isso com o desejo de publicar mais.



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

I love you Phillip Morris

Pau que nasce torto, morre


torto. Steven Russell é a prova viva disso, mas 'I love you Phillip Morris' o filme baseado na sua vida, não.



Steven Russell, um policial bem sucedido, honesto, pai de família, bem casado, religioso vai se transformando e rompendo todos esses valores ao descobrir que é adotado e gay. A descoberta da adoção, a busca pela mãe adotiva e a rejeição dela são apontadas como as causas da mitomania de Steven. O desejo de viver o "gay lifestyle" faz com que ele comece a dar golpes.

O personagem principal nos faz lembrar de Frank Abagnale Jr. (Leonardo diCaprio em 'Prenda-me se for capaz') só que diferente deste, Steven é preso várias vezes ao longo de sua vida, fazendo dele um vigarista com o qual quase simpatizamos por sua perseverança. O motivo deste 'quase' é a atuação mais uma vez caricata de Jim Carey. Apesar de Jim Carey seguir fazendo suas habituais caretas o tom do filme não é sempre engraçado e divertido, chega a ser tocante em certos momentos, mas nada muito profundo ou duradouro.

Seu primeiro amante, Jimmy Kemple, interpretado por Rodrigo Santoro, protagoniza a mais bela cena dramática do filme, mas o personagem logo se despede. É na prisão que Steven se apaixona à primeira vista - e pela primeira vez de verdade - por Phillip Morris, Ewan McGregor numa interpretação sublime e perfeita, e passa a usar suas melhores armas -seu charme e bondade - para fazer com que seu sentimento seja correspondido. A partir de então, toda a sua vida flui em torno desse amor, e é aí que filme começa a mostrar sua verdadeira face: uma crítica à busca da felicidade.

Mas Phillip descobre que tudo que ele ama em Steven foi construído sobre mentiras fazendo com que Steven tenha que se esforçar cada vez mais para manter esse amor e consequentemente sua felicidade. Não há limites para Steven.


Steven Russell continua torto, preso até hoje no estado do Texas.

'I love you Phillip Morris' nasce 'torto', meio engraçado, meio caricato mas se endireita ao longo da exibição e termina com uma quase lição, se endireitando finalmente.




segunda-feira, 22 de março de 2010

Ciao

Há quase um ano que

não escrevo nada aqui; não por não ter assis
tido nenhum filme que me tocasse ou me fizesse refletir, mas por pura preguiça.

Mas o 'inverno' acabou com 'Ciao', belíssimo filme americano, dirigido por um malaio, com roteiro dele com um italiano.




As vidas de Andrea
(Alessandro Calza) e Jeff (Adam Neal Smith) se cruzam a partir da morte de um amigo em comum, Mark.
Jeff, o melhor amigo e secretamente apaixonado por Mark conhece Andrea - um italiano que se correspondia por e-mail com o falecido - quando decide colocar a correspondência, incluindo a eletrônica, do amigo em dia.

Jeff descobre que Mark e Andrea pretendiam se conhecer pessoalmente e decide receber o italiano em sua casa, realizando assim a vontade do amigo.

Fugindo do lugar comum o filme tem um clima tenso mas nada pesado, a morte de Mark se faz presente mas não torna o filme trágico. Os longos silêncios e pausas nos dão a medida certa do sofrimento dos personagens e a necessidade que ambos precisam pra enfrentar o que perderam e o que estão prestes a ganhar.

Ciao pode ser considerado uma alegoria sobre como a morte não é um fim.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A Bolha

Um paralelepípedo caindo sobre o

peito...alguns filmes tem esse efeito sobre mim; uma porrada bem no meio do tronco, atingindo o estomâgo e o tórax ao mesmo tempo, me deixando sem ar...quase nunca isso ocorre com surpresa, esses filmes vão anunciando lentamente o tipo de sensação que deixarão. Isso ocorre pelo menos uma vez ao ano, e em 2009 "A Bolha - Ha-buah" - foi o responsável.




O filme de Eytan Fox, o mesmo diretor de "Delicada relação" - que por sinal me causou torcicolo e uma impressão não muito boa - tem grandes méritos:
- mostrar um lado de Israel que poucos conhecem, e que quase nunca pensamos a respeito, um lugar onde as pessoas são mais que fundamentalistas religiosos e odiadores de mulçumanos; uma Tel-Aviv moderna, jovem, dinâmica, e uma juventude que mais que querer a paz, se manifesta e vive a favor dela;
- tocar em assuntos polêmicos à sociedade israelense: o convívio pacífico entre palestinos e israelenses, o questionamento da ocupação...e outros polêmicos em qualquer sociedade, a homossexualidade.

Mas o ponto forte do filme está em fazer refletir a respeito da vida e do amor: que vida queremos pra nós e pros outros e que amor somos capazes de dar? A relação entre os protagonistas coloca em debate a instituição familiar, a superficialidade dos relacionamentos atualmente, a capacidade que temos em simplesmente amar...
A 'pedrada' mais que dor e falta de ar, ativa o pensamento...sei que o filme tem muito mais, descubro isso assistindo outras vezes, o que não vai diminuir o impacto da porrada que levei ontem à noite.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Shortbus

Finalmente consegui assistir a 'Shortbus'

segundo longa de John Cameron Mitchell, diretor do ótimo e divertidíssimo 'Hedwig'. Nesse novo filme não há um protagonista, vários personagens são apresentados e muito bem desenhados ao longo do filme que levanta a discussão sobre a dificuldade que temos em sentir.

Numa Nova Yorque pós 11 de setembro, essa dificuldade acaba levando as pessoas ao 'club' (provavelmente) mais bizarro - no bom sentido - da cidade: o Shortbus reune 'os abençoados e desajustados' para encontros sexuais, culturais, filosóficos, como explica seu hostess, Justin Bond; e com a ajuda do elenco o diretor construiu uma história que vai muito além do sexo, mesmo contendo belas e ousadas cenas de todos os tipos de performances sexuais; o filme fala mais sobre o porquê é tão fácil fazer sexo e tão difícil fazer/ter/receber amor.

Outro destaque do filme é sua trilha sonora: belas canções (folks?) de Scott Matthew, canções sentimentais e algumas pérolas do bom humor como 'Kolla Kolla' do grupo sueco The Ark.

'Kolla kolla' é cantada em sueco e tem um clima de festa, farra, cabaré...que me deixou apaixonado pelo grupo a ponto de ficar na net baixando tudo que consegui depois de assistir o filme.

A música é mesmo muito divertida, e títulos como 'Absolutely no decorum', 'One of us is gonna die young', 'Prayer for weekend', dão uma boa pista de que bom humor não falta à banda. O som tem qualidade, um misto de glam rock com novas tecnologias, culminam numa música agradável, mas não tola.

Posso dizer que ó The Ark é a minha banda preferida, até descobrir alguma outra novidade...rsrsrs


terça-feira, 12 de maio de 2009

La confusion des genres

Decidir sempre envolve um esforço

muito grande, mas passar pela vida sem se comprometer com nada e/ou com ninguém, tampouco é fácil. E é assim que Alain, personagem do filme "La confusion des genres", se arrasta através de todo o filme.

Já na introdução do personagem central, nos primeiros minutos do filme, percebemos que a volubilidade de Alain será a tônica da narração: um diálogo entre ele, homens e mulhers na sua cama, depois da transa...uma discussão sobre fim de casos, possíveis causas, etc, numa sucessão de parceiros quase sem fim.

Insatisfeito com seu trabalho, ele propõe casamento à sua colega de escritório, a quem parece odiar... ao mesmo tempo que tem um cliente que o atrai sexualmente, e através deste se vê envolvido com uma charmosa e inquietante cabeleireira e, como se fosse pouco, ainda há o irmão de uma ex-amante que está perdidamente apaixonado por ele. Nada facilita sua vida, mas quanto mais complicada a situação se torna, menos esforço Alain, interpretado por Pascal Gregory, faz pra resolver seus problemas.

O filme dirigido por Ilan Duran Cohen, é uma boa comédia quando expõe os percalços do personagem, mas peca pela mesma indecisão sobre a direção da história. Talvez proposital...talvez não...rs.