quarta-feira, 27 de outubro de 2010

I love you Phillip Morris

Pau que nasce torto, morre


torto. Steven Russell é a prova viva disso, mas 'I love you Phillip Morris' o filme baseado na sua vida, não.



Steven Russell, um policial bem sucedido, honesto, pai de família, bem casado, religioso vai se transformando e rompendo todos esses valores ao descobrir que é adotado e gay. A descoberta da adoção, a busca pela mãe adotiva e a rejeição dela são apontadas como as causas da mitomania de Steven. O desejo de viver o "gay lifestyle" faz com que ele comece a dar golpes.

O personagem principal nos faz lembrar de Frank Abagnale Jr. (Leonardo diCaprio em 'Prenda-me se for capaz') só que diferente deste, Steven é preso várias vezes ao longo de sua vida, fazendo dele um vigarista com o qual quase simpatizamos por sua perseverança. O motivo deste 'quase' é a atuação mais uma vez caricata de Jim Carey. Apesar de Jim Carey seguir fazendo suas habituais caretas o tom do filme não é sempre engraçado e divertido, chega a ser tocante em certos momentos, mas nada muito profundo ou duradouro.

Seu primeiro amante, Jimmy Kemple, interpretado por Rodrigo Santoro, protagoniza a mais bela cena dramática do filme, mas o personagem logo se despede. É na prisão que Steven se apaixona à primeira vista - e pela primeira vez de verdade - por Phillip Morris, Ewan McGregor numa interpretação sublime e perfeita, e passa a usar suas melhores armas -seu charme e bondade - para fazer com que seu sentimento seja correspondido. A partir de então, toda a sua vida flui em torno desse amor, e é aí que filme começa a mostrar sua verdadeira face: uma crítica à busca da felicidade.

Mas Phillip descobre que tudo que ele ama em Steven foi construído sobre mentiras fazendo com que Steven tenha que se esforçar cada vez mais para manter esse amor e consequentemente sua felicidade. Não há limites para Steven.


Steven Russell continua torto, preso até hoje no estado do Texas.

'I love you Phillip Morris' nasce 'torto', meio engraçado, meio caricato mas se endireita ao longo da exibição e termina com uma quase lição, se endireitando finalmente.




segunda-feira, 22 de março de 2010

Ciao

Há quase um ano que

não escrevo nada aqui; não por não ter assis
tido nenhum filme que me tocasse ou me fizesse refletir, mas por pura preguiça.

Mas o 'inverno' acabou com 'Ciao', belíssimo filme americano, dirigido por um malaio, com roteiro dele com um italiano.




As vidas de Andrea
(Alessandro Calza) e Jeff (Adam Neal Smith) se cruzam a partir da morte de um amigo em comum, Mark.
Jeff, o melhor amigo e secretamente apaixonado por Mark conhece Andrea - um italiano que se correspondia por e-mail com o falecido - quando decide colocar a correspondência, incluindo a eletrônica, do amigo em dia.

Jeff descobre que Mark e Andrea pretendiam se conhecer pessoalmente e decide receber o italiano em sua casa, realizando assim a vontade do amigo.

Fugindo do lugar comum o filme tem um clima tenso mas nada pesado, a morte de Mark se faz presente mas não torna o filme trágico. Os longos silêncios e pausas nos dão a medida certa do sofrimento dos personagens e a necessidade que ambos precisam pra enfrentar o que perderam e o que estão prestes a ganhar.

Ciao pode ser considerado uma alegoria sobre como a morte não é um fim.